sexta-feira, 30 de novembro de 2012

Safe and Sound - Capítulo 5 - 1ª Temporada







Depois de chegar ao refeitório, foi fácil localizar o prédio três. Um gran-
de "3" estava pintado em preto num quadrado branco no canto leste. Senti
aos poucos que começava a ofegar à medida que me aproximava da entrada.
Tentei prender a respiração enquanto seguia duas capas de chuvas unissex
pela porta.

 A sala de aula era pequena. As pessoas na minha frente pararam junto
à porta para pendurar os casacos em uma longa fileira de ganchos. Imitei-
as. Havia duas meninas, uma loura com a pele cor de porcelana, a outra
igualmente pálida, com cabelo castanho-claro. Pelo menos minha pele não
se destacaria aqui.

 Entreguei a caderneta ao professor, um careca alto cuja mesa tinha uma
placa identificando-o pelo nome, "sr. Mason". Ele me encarou surpreso
quando viu meu nome - não foi uma reação que me encorajasse - e
é claro que fiquei vermelha como um tomate. Mas pelo menos ele me
mandou sentar numa carteira vazia no fundo da sala, sem me apresentar à
turma. Era mais difícil para meus novos colegas me encarar lá atrás, mas
de algum jeito eles conseguiram. Mantive os olhos baixos na bibliografia
que o professor me dera. Era bem básica: Brontë, Shakespeare, Chaucer,
Faulkner. Eu já lera tudo. Isso era reconfortante... e entediante. imaginei
se minha mãe me mandaria minha pasta com os trabalhos antigos, ou se
ela pensaria que isso era trapaça. Tive várias discussões com ela sobre minha
cabeça enquanto o professor falava monotonamente.

 Quando tocou o sinal, uma buzina anasalada, um garoto magricela com
problemas de pele e cabelo preto feito uma mancha de óleo se inclinou
para falar comigo.

 - Você é Carolina Boner, não é? - Ele parecia direitinho do tipo presta-
tivo d clube de xadrez.

- Carol - Corrigi. Todo mundo num raio de três carteiras se virou para
me olhar.

- Qual sua próxima aula? - perguntou ele.

 Tive que olhar na minha bolsa.

- Hmmm, educação cívica, com Jefferson, no prédio seis.

 Para onde quer que eu me virasse, encontrava olhos curiosos.

- Vou para o prédio quatro, Posso mostrar o caminho... - Sem dúvida,
superprestativo. - Meu nome é Fábio - acrescentou ele.

 Eu sorri, insegura.

- Obrigada.

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capítulo 4 ta ai, amanha a tarde TALVEZ eu posto o 5 .
Esse ficou curtinho, mas era porque eu to sem muito tempo hoje
Stay Beautiful, bjustin

sábado, 24 de novembro de 2012

safe and sound - Capítulo 4 - 1ª Temporada




Não dormi bem aquela noite, mesmo depois de chorar. Ao fundo o ruído
constante da chuva e do vento no telhado não desaparecia. Puxei o velho
cobertor xadrez sobre a cabeça e mais tarde coloquei também o travesseiro.
Mas só consegui dormir depois da meia-noite, quando a chuva finalmente
se aquietou num chuvisco mais silencioso.

 Só o que eu conseguia ver pela minha janela de manhã era uma neblina
densa, e podia sentir a claustrofobia rastejando em minha direção. Jamais
se podia ver o céu aqui; parecia ema gaiola.

 O café da manhã com Carlos foi um evento silencioso. Ele me desejou
boa sorte na escola. Agradeci, sabendo que suas esperanças eram vãs. A boa
sorte geralmente me evitava. Carlos saiu primeiro para a delegacia, que
era sua esposa e sua família. Depois que ele partiu, fiquei sentada à velha
mesa quadrada, em uma das três cadeiras que não combinavam,
e examinei a pequena cozinha, com as paredes escuras revestida de ma-
deira armários de um amarelo vivo e piso de linóleo branco. Nada havia
mudado. Minha mãe tinha pintado os armários dezoito anos atrás numa
tentativa de colocar algum raio de sol na casa. Acima da pequena lareira
na minúscula sala adjacente, havia uma fileira de  fotos. Primeiro, uma
foto do casamento de Carlos e minha mãe em Las Vegas; depois, uma de
nós três no hospital em que nasci, tirada por uma enfermeira prestativa,
seguida pela procissão das minhas fotos de escola até o ano passado. Era
constrangedor olhar aquilo - eu teria de pensar no que poderia fazer para
que Carlos as colocasse em outro lugar, pelo menos enquanto eu morasse
aqui.

 Era impossível não perceber que Carlos jamais superou a perda da mi-
nha mãe ao ficar nesta casa. Isso me deixou pouco a vontade.

 Não queria chegar cedo demais na escola, mas não conseguia mais ficar
ali. Vesti meu casaco - que era meio parecido com um traje de biossegu-
rança - e saí para a chuva.

 Ainda estava chuviscando, não o suficiente para me ensopar em quanto
peguei a chave da casa, sempre escondida de baixo do beiral, e tranquei a
porta. o chapinhar da minha nova bote impermeável era enervante.
Senti falta do habitual esmagar de cascalhos em quanto andava. Não podia
parar e adimirar minha picape novamente, como eu queria; estava com
pressa para sair da umidade nevoenta que envolvia minha cabeça e grudava
em meu cabelo por baixo do capuz.

 Dentro da picape estava agradável e seco. Billy, ou Carlos, obviamen-
te  tinha feito uma limpeza, mas os bancos com estofado caramelo ainda
cheiravam levemente a tabaco, gasolina e hortelã. Para meu alívio o motor
pegou rapidamente, mas era barulhento, rugindo para a vida e depois ro-
dando em um volume alto. Bom, uma picape dessa idade teria suas falhas.
O rádio antigo funcionava, um bônus que eu não esperava.

 Não foi difícil encontrar a escola, embora eu nunca tivesse ido lá. Como
a maioria das outras coisa, ficava perto da rodovia. não parecia uma es-
cola - oque me fez parar foi a placa, que dizia ser a Stratford High School.
Era um conjunto de casas iguais, construídas com tijolos marrons. Havia
tantas árvores e arbustos que no início não consegui calcular seu tamanho.
Onde estava o espírito da instituição?, perguntei-me com nostalgia. Onde
estavam as cercas de tela, os detetores de metal?

 Estacionei na frente do primeiro prédio, que tinha uma plaquinha aci-
ma da porta dizendo SECRETARIA. Ninguém mais havia estacionado ali,
então eu certamente estava em local proibido, mas decidi me informar lá
dentro em vez de ficar dando voltas na chuva feito uma idiota. Saí sem
vontade nenhuma da cabine da picape enferrujada e andei por um pequeno
caminho de pedras ladeado por uma cerca viva escura. Respirei fundo antes
de abrir a porta.

 Lá dentro o ambiente era bem iluminado e mais quente do que eu
imaginava. O escritório era pequeno; uma salinha de espera com cadei-
ras dobráveis acolchoadas, carpete laranja manchado, recados e prêmios
atravancando as paredes, um relógio grande tiquetaqueando alto. Havia
plantas em toda parte em vasos grandes de plástico, como se não houvesse
verde suficiente do lado de fora. A sala era dividida ao meio por um balcão
 comprido, abarrotado de cestos e arames cheios de papeis e folhetos de 
cores vivas colados na frente. havia três mesas atrás do balcão. Uma delas
ocupada por uma ruiva grandalhona de óculos. Ela vestia uma camiseta
roxa que de imediato fez com que eu me sentisse produzida demais.

 A ruiva olhou para mim.

- Posso ajudá-la?

- Meu nome é Carolina Boner - informei-lhe e logo vi a atenção ilumi-
nar seus olhos. Eu era esperada, um assunto de fofoca, sem dúvida. A filha
da ex-mulher leviana do chefe de polícia finalmente voltara para casa.

- É claro - disse ela. E cavucou uma pilha instável de documentos na
mesa até encontrar o que procurava. - Seu horário está bem aqui, e há um
mapa da escola.  Ela trouxe várias folhas ao balcão para em mostrar.

 Ela indicou minhas salas de aula, destacando a melhor rota para cada
uma delas no mapa, e eme deu uma caderneta que cada professor teria que
assinar e que eu traria de volta no final do dia. Ela sorriu para mim e me
desejou, como Carlos, que eu gostasse daqui de Stratford. Sorri também, da
maneira mais convincente que pude.

 Quando voltei a picape, outros alunos começavam a chegar. Dirigi pela
escola, seguindo o trânsito. Fiquei feliz em ver que os carros, em sua maio-
ria, eram mais velhos que o meu, nada chamativo. em Ottawa, eu morava
em um dos poucos bairros de baixa renda incluídos no distrito de Paradise
Valley. Era comum ver um Mercedes ou um Poeche novo no estaciona-
mento dos alunos. O carro mais legal aqui era um Volvo reluzente, e este
se destacava. Ainda assim, desliguei o motor logo que cheguei a uma vaga
para que o barulho estrondoso não chamasse a atenção para mim.

 Olhei o mapa na picape, tentando agora memorizá-lo; esperava não ter
que andar com ele diante do nariz o dia todo. Enfiei tudo na bolsa, passei
a alça no ombro e respirei bem fundo. Eu vou conseguir, menti para mim
mesma debilmente. Ninguém ia me morder. Por fim soltei o ar e saí da
picape.

 Mantive a cara escondida pelo capuz ao andar para a calçada, apinhada
de adolescentes. Meu casaco preto e simples não chamava a atenção, como
percebi com alívio.

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ai esta o 3º capítulo, consegui postar hoje!!
comentem e espero que gostem. 
stay beautiful and bjustin

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

safe and sound - Capítulo 3 - 1ª Temporada





Caramba. De graça.

- Não precisa fazer isso, pai. Eu mesma ia comprar um carro.

-Tudo bem. Quero que seja feliz aqui. - Ele estava olhando para a es-
trada à frente ao dizer isso. Carlos não ficava à vontade quando se tratava
de externar as emoções em voz alta. Herdei isso dele. Então fiquei olhando
para a frente quando respondi.

- Foi muito gentil da sua parte, pai. Eu agradeço muito. - Não era
necessário acrescentar que, para mim, era impossível ser feliz em Stratford.
Ele não precisava sofrer junto comigo. E a picape dada não se olham os
dentes, nem o motor

- Não foi nada - murmurou ele, constrangido com minha gratidão.

 Trocamos mais alguns comentários sobre o clima, que estava úmido, e
a maior parte da conversa não passou disso. Ficamos olhando pela janela
em silêncio.

 Era lindo, é claro; eu não podia negar. Tudo era verde: as árvores,
os troncos cobertos de musgo, os galhos que pendiam das copas, aterra
coberta de samambaias. Até o ar filtrava o verde das folhas.

 Era verde demais - um planeta alienígena.

 Por fim chegamos à casa de Carlos. Ele ainda morava na casinha de
dois quartos que comprara com minha mãe nos primeiros tempos de seu
casamento. Aqueles foram os únicos tempos que o casamento teve - os
primeiros. Ali, estacionada na rua na frente da casa que nunca mudava, es-
tava minha nova - bom, nova para mim - picape. Era de vermelho
desbotado, com para-lamas grandes e arredondados e uma cabine bulbosa.
Para minha grande surpresa, eu adorei. Não sabia se ia funcionar, mas
podia me ver nela. Além disso, era um daqueles negócios sólidos que não
quebram nunca - do tipo que se vê na cena de acidente, e pintura sem
um arranhão, cercado pelas peças do carro importado que foi destruído.

- Caramba, pai, adorei! Obrigada! - Agora meu pavoroso dia de ama-
nhã seria bem menos terrível. Não teria que decidir entre andar três qui-
lômetros na chuva até a escola e aceitar uma carona na radiopatrulha do
chefe.

- Que bom que você gostou - disse Carlos rudemente, de novo sem
graça.

 Apenas uma viagem foi necessária para levar minhas coisas para cima.
Fiquei com o quarto do lado oeste, que dava para o jardim da frente. O
quarto era familiar; me pertencia desde que nasci. O piso de madeira, as
paredes azul-claras, o teto pontiagudo, as cortinas de renda amarelas na
janela - tudo isso fazia parte da minha infância. As únicas mudanças que 
Carlos fizera foram trocar o berço por uma cama e acrescentar uma escri-
vaninha, à medida que eu crescia. A mesa agora tinha um computador de
segunda mão, com linha telefônica para o modem grampeada pelo chão
até a tomada de telefônica mais próxima. Isso fora estipulado por minha
mãe, assim poderíamos manter contato facilmente. A cadeira de balanço
de meus tempos de bebê ainda estava no canto.

 Só havia um banheiro pequeno no segundo andar, que eu teria que di-
vidir com Carlos. Estava tentando não pensar muito nisso.

Uma das melhores coisas em Carlos é que ele não fica rondando a gen-
te. Deixou-me sozinha para desfazer as malas e me acomodar, uma proeza
que teria sido completamente impossível para minha mãe. Era legal ficar
sozinha, sem ter que sorrir e parecer satisfeita; um alívio olhar desani-
madamente pela janela para a chuva entristecendo tudo e deixar algumas
lágrimas escaparem. Eu não estava com vontade de ter um acesso de choro.
Ia economizar para a hora de dormir, quando teria que pensar na manhã
seguinte.

 A Stratford High School tinha um total assustador de apenas 357 - agora
358 - alunos; em Ottawa, havia mais de setecentas pessoas só do meu
ano. Todas as crianças daqui foram criadas juntas - seus avós engatinha-
ram juntos. Eu seria a garota nova da cidade grande, uma curiosidade, ima
aberração.

 Talvez, se eu parecesse uma verdadeira garota de Ottawa, pudesse tirar
proveito disso. Mas, fisicamente, nunca me encaixei em lugar nenhum. Eu
devia ser bronzeada, atlética, loura - uma jogadora de vôlei ou uma líder
de torcida, talvez - , todas as coisas compatíveis com quem mora no vale
do sol.

 Em vez disso, apesar do sol constante, eu tinha uma pele de marfim. E
não tinha os olhos azuis ou o cabelo ruivo que poderiam me servir de de-
culpa. Sempre fui magra, mais meio molenga, e obviamente não era uma
atleta; não tinha a coordenação necessária entre mãos e olhos para praticar
esportes sem me humilhar - e sem machucar a mim mesma e a qualquer
pessoa que se aproximasse demais.

 Quando terminei de guardar minhas roupas na antiga cômoda de pinho,
peguei minha nécessaire e fui ao único banheiro para me lavar depois do dia
de viagem. Olhei meu rosto no espelho enquanto escovava o cabelo úmido 
e embaraçado. Talvez fosse a luz, mas eu já parecia mais pálida, doentia.
Minha pele podia ser bonita - era muito clara, quase translúcida - , mas
tudo dependia da cor. Não tinha com nenhuma ali.

 Ao ver meu reflexo pálido no espelho, fui obrigada a admitir que estava
mentindo para mim mesma. Não era só fisicamente que eu não me adap-
tava. E quais seriam minhas chances aqui, se eu não conseguisse achar um
nicho em uma escola com trezentas pessoas?

 Eu não me relaciono bem com as pessoas da minha idade. Talvez a ver-
dade seja que eu não me relaciono bem com as pessoas, e ponto final. Até a
minha mãe, de quem eu era mais próxima do que de qualquer outra pessoa
do planeta, nunca esteve em sintonia comigo, nunca esteve exatamente na
mesma página. Às vezes eu me pergunto se via as mesmas coisas que o
resto do mundo. Talvez houvesse um problema no meu cérebro.

 Mas não importa a causa. Só o que importa era o efeito. E amanhã
seria só o começo.

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desculpa pela demora de postar, eu estava muito ocupada esses dias.
mas... ai esta o 3º capítulo, espero que gostem e comentem!
stay beautifulllll 
haha bjustin