terça-feira, 9 de outubro de 2012

safe and sound - capitulo 2 - 1ª temporada





- Eu quero ir - menti. Sempre menti mal, mas ultimamente ando
contando essa mentira com tanta frequência que agora parecia quasecon-
vincence.

- Diga a Carlos que mandei lembranças.

- Vou dizer.

- Verei você em breve - insistiu ela.- Pode vir para casa quando qui-
ser... Eu volto assim que você precisar de mim.

 Mas eu podia ver, nos olhos dela, o sacrifício por trás da promessa.

- Não se preocupe comigo - insisti. - Vai ser ótimo. Eu te amo, mãe.

 Ela me abraçou com força por um minuto e depois entrei no avião, e ela
se foi

 De Ottawa a Toronto são quatro horas de voo, outra hora em um pequeno
avião até Kitchener, depois uma hora de carro até Stratford . Voar não me
incomoda; a hora no carro de Carlos, porém, era meio preocupante.

 Carlos foi realmente gentil com tudo aquilo. Parecia realmente satisfei-
to que eu, pela primeira vez, fosse morar com ele por um período mais longo.
Já me matriculara na escola e ia me ajudar a comprar um carro.

 Mas sem dúvida seria estranho com Carlos. Não éramos o que se cha-
maria se falantes, e eu não sabia se havia alguma coisa para dizer. Sabia que
ele estava bastante confuso com minha decisão - como minha mãe antes de
mim, eu não escondia o fato de detestar Stratford.

 Quando pousamos em KItchener, estava chovendo. Não vi isso como 
um presságio - era apenas inevitável. Eu já tinha dado adeus ao sol.

 Carlos me aguardava na radiopatrulha. Eu também esperava por isso.
Carlos é o chefe de polícia Boner para o bom povo de Stratford. Minha principal
motivação por trás da compra de um carro, apesar da verba escassa, era que
me recusava a circular pela cidade em um carro com luzes vermelhas e azuis
no teto. Nada deixa o trânsito mais lento do que um policial

 Carlos me deu um abraço desajeitado com um só braço quando eu cam-
baleei para fora do avião.

- É bom ver você, Carol - disse ele, sorrindo enquanto automatica-
mente me segurava e me firmava - Você não mudou muito. Como está
 a Danielle?

- A mamãe está bem. É bom ver você também, pai. - Eu não tinha
permissão para chama-lo de Carlos na frente dele.
 Eu tinha só algumas malas. A maior parte das minhas roupas de Ottawa 
era leve demais para washington. Minha mãe e eu havíamos juntado nossos
recursos para completar me grande guarda-roupa de inverno, mais ainda assim
era reduzido. Coube tudo muito bem na mala da viatura.

- Achei um bom carro para você, baratinho - anunciou ele quando
estávamos afivelando o cinto.

- Que tipo de carro? - Fiquei desconfiada do modo como ele disse "um
bom carro para você" em vez de simplismente "um bom carro".

- Bom, na verdade é uma picape, um Chevy.

- Onde o achou?

- Lembra do Billy Black, De Hamilton? - Hamilton é a pequena reserva
indígena no litoral.

- Não.

- Ele costumava pescar com a gente no verão - Incentivou Carlos.

 Isso explicava por que eu não me lembrava dele. Eu era bastante compe-
tente em bloquear da minha memória coisas dolorosas e desnecessárias.

- Ele agora está numa cadeira de rodas - continuou Carlos quando eu não
respondi -, não pode mais dirigir, e ofereceu a picape por um preço baixo.

- De que ano? - Eu podia ver, pela mudança em sua expressão, que
esta era a pergunta que ele esperava que eu não fizesse.

- Bom, o Billy trabalhou muito no motor... Na realidade só tem al-
guns anos.

 Eu esperava que ele não me subestimasse a ponto de acreditar que eu
desistiria com tanta facilidade.

- Quando foi que ele comprou?

- Comprou em 1984, eu acho.

- Ele a comprou nova?

- Bom, não, Acho que era nova no início dos anos 60... Ou final dos anos
50, no máximo - admitiu ele timidamente.

- Ih... Pai, eu não entendo nada de carros. Não conseguiria consertar se
alguma coisa desse errado, e não posso pagar um mecânico...

- Na verdade, Carol, o troço funciona muito bem. Não fazem mais carros
assim.

 O troço, pensei comigo mesma... Era possível - como apelido, na melhor
das hipóteses.

- É barata barata mesmo? - Afinal, essa era a parte em que eu não po-
deria contemporizar.

- Bom, querida, já está quase comprado para você. Como um presente de
boas-vindas. - Carlos me olhou de lado com uma expressão esperançosa.

-------------------------------------------------------------------
 continuaaaaaaaaaaa, comentes pf!
posto o próximo capítulo sexta

Um comentário: