sexta-feira, 7 de dezembro de 2012
Safe and Sound - Capítulo 6 - 1ª Temporada
Pegamos nossos casacos e fomos para a chuva, que tinha aumentado. Eu
podia jurar que várias pessoas atrás de nós se aproximavam bastante para
ouvir o que dizíamos. Esperava não estar ficando paranoica.
- É ai, isto é bem diferente de Ottawa não é - perguntou ele.
- Muito.
- Não chove muito lá, não é?
- Três ou quatro vezes no ano.
- Puxa, como deve ser isso? - maravilhou-se ele.
- Ensolarado - eu lhe disse.
- Você não é muito bronzeada.
- Minha mãe é meio albina.
Apreensivo, ele examinou meu rosto, e eu suspirei. Parecia que nuvens e
senso de humor não se misturavam. Alguns meses disso e eu me esqueceria
de como usar o sarcasmo.
Voltamos pelo refeitório até o prédio do sul, perto do ginásio. Fábio me
levou à porta, embora tivesse uma placa bem evidente.
- Então, boa sorte - disse ele enquanto eu pegava a maçaneta. - Tal-
vez a gente tenha mais alguma aula juntos. - Ele parecia ter esperanças.
Sorri vagamente para ele e entrei.
O resto da manhã se passou do mesmo jeito. Meu professor de trigono-
metria, o Sr. Varner, que de qualquer forma eu teria odiado por causa da
matéria que ensinava, foi o único que me fez parar diante da turma para
me apresentar. Eu gaguejei, corei e tropecei em minhas próprias botas ao
seguir para minha carteira.
Depois de duas aulas, comecei a reconhecer vários rostos de cada turma.
Sempre havia alguém mais corajoso do que os outros, que se apresentava e
me perguntava se eu estava gostando de Stratford. Tentei ser diplomática, mas
na maioria das vezes apenas menti. Pelo menos não precisei do mapa.
Uma menina se sentou do meu lado nas aulas de trigonometria e espa-
nhol e me acompanhou até o refeitório do almoço. Era baixinha
vários centímetros menor do que me metro e sessenta e três, mas o cabelo
escuro, rebelde e cacheado compensava grande parte da diferença entra
nossas alturas. Não conseguia me lembrar do nome dela, então eu sorria
e assentia enquanto ela tagarelava sobre professores e aulas. Não tentei
acompanhar sua falação.
Sentamos à ponta de uma mesa cheia de vários de seus amigos, que ela
me apresentou. Esqueci o nome de todos assim que ela os pronunciou. Eles
pareciam impressionados com sua coragem de falar comigo. O menino da
aula de inglês, Fábio, acenou para mim do outro lado do salão.
Foi ali, sentada no refeitório, tentando conversar com sete estranhos
curiosos, que eu os vi pela primeira vez.
Estavam sentados no canto do refeitório, à maior distância possível de
onde eu me encontrava no salão comprido. Eram cinco. Não estavam con-
versando e não comiam, embora cada um deles tivesse uma bandeja cheia
e intocada diante de si. Não me encaravam, ao contrário da maioria dos
outros alunos, por isso era seguro observá-los sem temer encontrar um par
de olhos excessivamente interessados. Mas não foi nada disso que atraiu e
prendeu minha atenção.
Eles não eram nada parecidos. Dos três meninos, um era grandalão -
musculoso como um halterofilista inveterado, com cabelo escuro e crespo.
Outro era mais alto, mais magro, mais ainda assim musculoso, e tinha
cabelo louro cor de mel. O último era esguio, menos forte, com um cabelo
desalinhado cor de bronze. Era mais juvenil do que os outros, que pareciam
poder estar na faculdade ou até ser professor daqui, em vez de alunos.
As meninas eram o contrário. A alta era escultural. Linda, do tipo que se
via na capa da edição de trajes de banho da SPORTS ILLUSTRATED, do tipo que
fazia toda garota perto dela sentir um golpe na autoestima só por estar no
mesmo ambiente. O cabelo era dourado, caindo delicadamente em ondas
até o meio das costas. A menina baixa parecia uma fada, extremamente
magra, com feições miúdas. O cabelo era de um preto intenso, curto, pico-
tado e desfiado para todas as direções.
E, no entanto, todos eram de alguma forma parecidos. Cada um deles
era pálido como giz, os alunos mais brancos que viviam nessa cidade sem
sol. Mais brancos do que eu, a albina. Todos tinham olheiras - arroxeadas,
em tons de hematoma. Como se tivessem passado uma noite de insone, ou
estivessem se recuperando de um nariz quebrado. Mas os narizes, todos os
seus traços, eram retos, perfeitos, angulosos.
Mas não era por nada disso que eu não conseguia desgrudar os olhos
deles.
Fiquei olhando porque seus rostos, tão diferentes, tão parecidos, eram
completa, arrasadora e inumanamente lindos. Eram rostos que não se espe-
rava ver a não ser talvez nas páginas reluzentes de uma moeda. Ou
pintados por um antigo mestre como a face de um anjo. Era difícil decidir
quem era o mais bonito - talvez a loura perfeita, ou o garoto de cabelo
cor de bronze.
Todos pareciam distantes - distantes de cada um ali, distantes dos
outros alunos, distantes de qualquer coisa em particular, pelo que eu podia
notar. Enquanto eu observava, a garota baixinha se levantou com a bande-
ja - o refrigerante fechado, a maça se uma dentada - e se afastou com
passos longos, rápidos e graciosas apropriados para uma passarela. Fiquei
olhando, surpresa com seus passos de dança, até que ela largou a bandeja
no lixo e seguiu para a porta dos fundos, mais rápido do que eu teria pen-
sado ser possível. Meus olhos dispararam de volta aos outros, que ficaram
sentados, impassíveis.
- Quem são eles? - perguntei a garota da minha turma de espanhol,
cujo nome eu esquecera.
Enquanto ela olhava para ver do que eu estava falando - embora já
soubesse, provavelmente, pelo meu tom de voz - , de repente ele olhou
para ela, o mais magro, o rapaz juvenil, o mais novo, talvez. Ele olhou para
minha vizinha só por uma fração de segundo, q depois seus olhos escuros
fulguraram a mim.
ele desviou os olhos rapidamente, mais rápido do que eu, embora, em
um jorro de constrangimento, eu tenha baixado o olhar de imediato. Na-
quele breve olhar, seu rosto não transmitiu nenhum interesse - era como
se ela tivesse chamado o nome dele, e ele a olhasse numa reação involuntá-
ria, já tendo decidido não responder.
Minha vizinha riu sem graça, olhando a mesa como eu.
- São Justin e Chaz Bieber, e Jasmine e Christian Bieber. A que saiu é
Caitlin Bieber. Todos moram com o Dr. Bieber e a esposa. - Ela disse isso
à meia-voz.
Olhei de lado para o rapaz bonito, que agora fitava a própria bandeja,
desfazendo um pãozinho em pedaços com os dedos pálidos e longos. Sua
boca se movia muito rapidamente, os lábios perfeitos mal se abrindo. Os
outros três ainda pareciam distantes e, no momento, eu sentia que estava
falando em voz baixa com eles.
Nomes estranhos e incomuns, pensei. O tipo de nome que têm os avós.
Mas talvez seja moda por aqui - nomes de cidades pequenas? Finalmente
me lembrei de que minha vizinha se chamava Paula, um nome perfeita-
mente comum. Havia duas meninas que se chamavam Paula na minha
turma de história, na minha cidade.
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comentem e continuem bonitos bjustin...
sexta-feira, 30 de novembro de 2012
Safe and Sound - Capítulo 5 - 1ª Temporada
de "3" estava pintado em preto num quadrado branco no canto leste. Senti
aos poucos que começava a ofegar à medida que me aproximava da entrada.
Tentei prender a respiração enquanto seguia duas capas de chuvas unissex
pela porta.
A sala de aula era pequena. As pessoas na minha frente pararam junto
à porta para pendurar os casacos em uma longa fileira de ganchos. Imitei-
as. Havia duas meninas, uma loura com a pele cor de porcelana, a outra
igualmente pálida, com cabelo castanho-claro. Pelo menos minha pele não
se destacaria aqui.
Entreguei a caderneta ao professor, um careca alto cuja mesa tinha uma
placa identificando-o pelo nome, "sr. Mason". Ele me encarou surpreso
quando viu meu nome - não foi uma reação que me encorajasse - e
é claro que fiquei vermelha como um tomate. Mas pelo menos ele me
mandou sentar numa carteira vazia no fundo da sala, sem me apresentar à
turma. Era mais difícil para meus novos colegas me encarar lá atrás, mas
de algum jeito eles conseguiram. Mantive os olhos baixos na bibliografia
que o professor me dera. Era bem básica: Brontë, Shakespeare, Chaucer,
Faulkner. Eu já lera tudo. Isso era reconfortante... e entediante. imaginei
se minha mãe me mandaria minha pasta com os trabalhos antigos, ou se
ela pensaria que isso era trapaça. Tive várias discussões com ela sobre minha
cabeça enquanto o professor falava monotonamente.
Quando tocou o sinal, uma buzina anasalada, um garoto magricela com
problemas de pele e cabelo preto feito uma mancha de óleo se inclinou
para falar comigo.
- Você é Carolina Boner, não é? - Ele parecia direitinho do tipo presta-
tivo d clube de xadrez.
- Carol - Corrigi. Todo mundo num raio de três carteiras se virou para
me olhar.
- Qual sua próxima aula? - perguntou ele.
Tive que olhar na minha bolsa.
- Hmmm, educação cívica, com Jefferson, no prédio seis.
Para onde quer que eu me virasse, encontrava olhos curiosos.
- Vou para o prédio quatro, Posso mostrar o caminho... - Sem dúvida,
superprestativo. - Meu nome é Fábio - acrescentou ele.
Eu sorri, insegura.
- Obrigada.
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capítulo 4 ta ai, amanha a tarde TALVEZ eu posto o 5 .
Esse ficou curtinho, mas era porque eu to sem muito tempo hoje
Stay Beautiful, bjustin
sábado, 24 de novembro de 2012
safe and sound - Capítulo 4 - 1ª Temporada
Não dormi bem aquela noite, mesmo depois de chorar. Ao fundo o ruído
constante da chuva e do vento no telhado não desaparecia. Puxei o velho
cobertor xadrez sobre a cabeça e mais tarde coloquei também o travesseiro.
Mas só consegui dormir depois da meia-noite, quando a chuva finalmente
se aquietou num chuvisco mais silencioso.
Só o que eu conseguia ver pela minha janela de manhã era uma neblina
densa, e podia sentir a claustrofobia rastejando em minha direção. Jamais
se podia ver o céu aqui; parecia ema gaiola.
O café da manhã com Carlos foi um evento silencioso. Ele me desejou
boa sorte na escola. Agradeci, sabendo que suas esperanças eram vãs. A boa
sorte geralmente me evitava. Carlos saiu primeiro para a delegacia, que
era sua esposa e sua família. Depois que ele partiu, fiquei sentada à velha
mesa quadrada, em uma das três cadeiras que não combinavam,
e examinei a pequena cozinha, com as paredes escuras revestida de ma-
deira armários de um amarelo vivo e piso de linóleo branco. Nada havia
mudado. Minha mãe tinha pintado os armários dezoito anos atrás numa
tentativa de colocar algum raio de sol na casa. Acima da pequena lareira
na minúscula sala adjacente, havia uma fileira de fotos. Primeiro, uma
foto do casamento de Carlos e minha mãe em Las Vegas; depois, uma de
nós três no hospital em que nasci, tirada por uma enfermeira prestativa,
seguida pela procissão das minhas fotos de escola até o ano passado. Era
constrangedor olhar aquilo - eu teria de pensar no que poderia fazer para
que Carlos as colocasse em outro lugar, pelo menos enquanto eu morasse
aqui.
Era impossível não perceber que Carlos jamais superou a perda da mi-
nha mãe ao ficar nesta casa. Isso me deixou pouco a vontade.
Não queria chegar cedo demais na escola, mas não conseguia mais ficar
ali. Vesti meu casaco - que era meio parecido com um traje de biossegu-
rança - e saí para a chuva.
Ainda estava chuviscando, não o suficiente para me ensopar em quanto
peguei a chave da casa, sempre escondida de baixo do beiral, e tranquei a
porta. o chapinhar da minha nova bote impermeável era enervante.
Senti falta do habitual esmagar de cascalhos em quanto andava. Não podia
parar e adimirar minha picape novamente, como eu queria; estava com
pressa para sair da umidade nevoenta que envolvia minha cabeça e grudava
em meu cabelo por baixo do capuz.
Dentro da picape estava agradável e seco. Billy, ou Carlos, obviamen-
te tinha feito uma limpeza, mas os bancos com estofado caramelo ainda
cheiravam levemente a tabaco, gasolina e hortelã. Para meu alívio o motor
pegou rapidamente, mas era barulhento, rugindo para a vida e depois ro-
dando em um volume alto. Bom, uma picape dessa idade teria suas falhas.
O rádio antigo funcionava, um bônus que eu não esperava.
Não foi difícil encontrar a escola, embora eu nunca tivesse ido lá. Como
a maioria das outras coisa, ficava perto da rodovia. não parecia uma es-
cola - oque me fez parar foi a placa, que dizia ser a Stratford High School.
Era um conjunto de casas iguais, construídas com tijolos marrons. Havia
tantas árvores e arbustos que no início não consegui calcular seu tamanho.
Onde estava o espírito da instituição?, perguntei-me com nostalgia. Onde
estavam as cercas de tela, os detetores de metal?
Estacionei na frente do primeiro prédio, que tinha uma plaquinha aci-
ma da porta dizendo SECRETARIA. Ninguém mais havia estacionado ali,
então eu certamente estava em local proibido, mas decidi me informar lá
dentro em vez de ficar dando voltas na chuva feito uma idiota. Saí sem
vontade nenhuma da cabine da picape enferrujada e andei por um pequeno
caminho de pedras ladeado por uma cerca viva escura. Respirei fundo antes
de abrir a porta.
Lá dentro o ambiente era bem iluminado e mais quente do que eu
imaginava. O escritório era pequeno; uma salinha de espera com cadei-
ras dobráveis acolchoadas, carpete laranja manchado, recados e prêmios
atravancando as paredes, um relógio grande tiquetaqueando alto. Havia
plantas em toda parte em vasos grandes de plástico, como se não houvesse
verde suficiente do lado de fora. A sala era dividida ao meio por um balcão
comprido, abarrotado de cestos e arames cheios de papeis e folhetos de
cores vivas colados na frente. havia três mesas atrás do balcão. Uma delas
ocupada por uma ruiva grandalhona de óculos. Ela vestia uma camiseta
roxa que de imediato fez com que eu me sentisse produzida demais.
A ruiva olhou para mim.
- Posso ajudá-la?
- Meu nome é Carolina Boner - informei-lhe e logo vi a atenção ilumi-
nar seus olhos. Eu era esperada, um assunto de fofoca, sem dúvida. A filha
da ex-mulher leviana do chefe de polícia finalmente voltara para casa.
- É claro - disse ela. E cavucou uma pilha instável de documentos na
mesa até encontrar o que procurava. - Seu horário está bem aqui, e há um
mapa da escola. Ela trouxe várias folhas ao balcão para em mostrar.
Ela indicou minhas salas de aula, destacando a melhor rota para cada
uma delas no mapa, e eme deu uma caderneta que cada professor teria que
assinar e que eu traria de volta no final do dia. Ela sorriu para mim e me
desejou, como Carlos, que eu gostasse daqui de Stratford. Sorri também, da
maneira mais convincente que pude.
Quando voltei a picape, outros alunos começavam a chegar. Dirigi pela
escola, seguindo o trânsito. Fiquei feliz em ver que os carros, em sua maio-
ria, eram mais velhos que o meu, nada chamativo. em Ottawa, eu morava
em um dos poucos bairros de baixa renda incluídos no distrito de Paradise
Valley. Era comum ver um Mercedes ou um Poeche novo no estaciona-
mento dos alunos. O carro mais legal aqui era um Volvo reluzente, e este
se destacava. Ainda assim, desliguei o motor logo que cheguei a uma vaga
para que o barulho estrondoso não chamasse a atenção para mim.
Olhei o mapa na picape, tentando agora memorizá-lo; esperava não ter
que andar com ele diante do nariz o dia todo. Enfiei tudo na bolsa, passei
a alça no ombro e respirei bem fundo. Eu vou conseguir, menti para mim
mesma debilmente. Ninguém ia me morder. Por fim soltei o ar e saí da
picape.
Mantive a cara escondida pelo capuz ao andar para a calçada, apinhada
de adolescentes. Meu casaco preto e simples não chamava a atenção, como
percebi com alívio.
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ai esta o 3º capítulo, consegui postar hoje!!
comentem e espero que gostem.
stay beautiful and bjustin
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
safe and sound - Capítulo 3 - 1ª Temporada
Caramba. De graça.
- Não precisa fazer isso, pai. Eu mesma ia comprar um carro.
-Tudo bem. Quero que seja feliz aqui. - Ele estava olhando para a es-
trada à frente ao dizer isso. Carlos não ficava à vontade quando se tratava
de externar as emoções em voz alta. Herdei isso dele. Então fiquei olhando
para a frente quando respondi.
- Foi muito gentil da sua parte, pai. Eu agradeço muito. - Não era
necessário acrescentar que, para mim, era impossível ser feliz em Stratford.
Ele não precisava sofrer junto comigo. E a picape dada não se olham os
dentes, nem o motor
- Não foi nada - murmurou ele, constrangido com minha gratidão.
Trocamos mais alguns comentários sobre o clima, que estava úmido, e
a maior parte da conversa não passou disso. Ficamos olhando pela janela
em silêncio.
Era lindo, é claro; eu não podia negar. Tudo era verde: as árvores,
os troncos cobertos de musgo, os galhos que pendiam das copas, aterra
coberta de samambaias. Até o ar filtrava o verde das folhas.
Era verde demais - um planeta alienígena.
Por fim chegamos à casa de Carlos. Ele ainda morava na casinha de
dois quartos que comprara com minha mãe nos primeiros tempos de seu
casamento. Aqueles foram os únicos tempos que o casamento teve - os
primeiros. Ali, estacionada na rua na frente da casa que nunca mudava, es-
tava minha nova - bom, nova para mim - picape. Era de vermelho
desbotado, com para-lamas grandes e arredondados e uma cabine bulbosa.
Para minha grande surpresa, eu adorei. Não sabia se ia funcionar, mas
podia me ver nela. Além disso, era um daqueles negócios sólidos que não
quebram nunca - do tipo que se vê na cena de acidente, e pintura sem
um arranhão, cercado pelas peças do carro importado que foi destruído.
- Caramba, pai, adorei! Obrigada! - Agora meu pavoroso dia de ama-
nhã seria bem menos terrível. Não teria que decidir entre andar três qui-
lômetros na chuva até a escola e aceitar uma carona na radiopatrulha do
chefe.
- Que bom que você gostou - disse Carlos rudemente, de novo sem
graça.
Apenas uma viagem foi necessária para levar minhas coisas para cima.
Fiquei com o quarto do lado oeste, que dava para o jardim da frente. O
quarto era familiar; me pertencia desde que nasci. O piso de madeira, as
paredes azul-claras, o teto pontiagudo, as cortinas de renda amarelas na
janela - tudo isso fazia parte da minha infância. As únicas mudanças que
Carlos fizera foram trocar o berço por uma cama e acrescentar uma escri-
vaninha, à medida que eu crescia. A mesa agora tinha um computador de
segunda mão, com linha telefônica para o modem grampeada pelo chão
até a tomada de telefônica mais próxima. Isso fora estipulado por minha
mãe, assim poderíamos manter contato facilmente. A cadeira de balanço
de meus tempos de bebê ainda estava no canto.
Só havia um banheiro pequeno no segundo andar, que eu teria que di-
vidir com Carlos. Estava tentando não pensar muito nisso.
Uma das melhores coisas em Carlos é que ele não fica rondando a gen-
te. Deixou-me sozinha para desfazer as malas e me acomodar, uma proeza
que teria sido completamente impossível para minha mãe. Era legal ficar
sozinha, sem ter que sorrir e parecer satisfeita; um alívio olhar desani-
madamente pela janela para a chuva entristecendo tudo e deixar algumas
lágrimas escaparem. Eu não estava com vontade de ter um acesso de choro.
Ia economizar para a hora de dormir, quando teria que pensar na manhã
seguinte.
A Stratford High School tinha um total assustador de apenas 357 - agora
358 - alunos; em Ottawa, havia mais de setecentas pessoas só do meu
ano. Todas as crianças daqui foram criadas juntas - seus avós engatinha-
ram juntos. Eu seria a garota nova da cidade grande, uma curiosidade, ima
aberração.
Talvez, se eu parecesse uma verdadeira garota de Ottawa, pudesse tirar
proveito disso. Mas, fisicamente, nunca me encaixei em lugar nenhum. Eu
devia ser bronzeada, atlética, loura - uma jogadora de vôlei ou uma líder
de torcida, talvez - , todas as coisas compatíveis com quem mora no vale
do sol.
Em vez disso, apesar do sol constante, eu tinha uma pele de marfim. E
não tinha os olhos azuis ou o cabelo ruivo que poderiam me servir de de-
culpa. Sempre fui magra, mais meio molenga, e obviamente não era uma
atleta; não tinha a coordenação necessária entre mãos e olhos para praticar
esportes sem me humilhar - e sem machucar a mim mesma e a qualquer
pessoa que se aproximasse demais.
Quando terminei de guardar minhas roupas na antiga cômoda de pinho,
peguei minha nécessaire e fui ao único banheiro para me lavar depois do dia
de viagem. Olhei meu rosto no espelho enquanto escovava o cabelo úmido
e embaraçado. Talvez fosse a luz, mas eu já parecia mais pálida, doentia.
Minha pele podia ser bonita - era muito clara, quase translúcida - , mas
tudo dependia da cor. Não tinha com nenhuma ali.
Ao ver meu reflexo pálido no espelho, fui obrigada a admitir que estava
mentindo para mim mesma. Não era só fisicamente que eu não me adap-
tava. E quais seriam minhas chances aqui, se eu não conseguisse achar um
nicho em uma escola com trezentas pessoas?
Eu não me relaciono bem com as pessoas da minha idade. Talvez a ver-
dade seja que eu não me relaciono bem com as pessoas, e ponto final. Até a
minha mãe, de quem eu era mais próxima do que de qualquer outra pessoa
do planeta, nunca esteve em sintonia comigo, nunca esteve exatamente na
mesma página. Às vezes eu me pergunto se via as mesmas coisas que o
resto do mundo. Talvez houvesse um problema no meu cérebro.
Mas não importa a causa. Só o que importa era o efeito. E amanhã
seria só o começo.
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desculpa pela demora de postar, eu estava muito ocupada esses dias.
mas... ai esta o 3º capítulo, espero que gostem e comentem!
stay beautifulllll
haha bjustin
terça-feira, 9 de outubro de 2012
safe and sound - capitulo 2 - 1ª temporada
contando essa mentira com tanta frequência que agora parecia quasecon-
vincence.
- Diga a Carlos que mandei lembranças.
- Vou dizer.
- Verei você em breve - insistiu ela.- Pode vir para casa quando qui-
ser... Eu volto assim que você precisar de mim.
Mas eu podia ver, nos olhos dela, o sacrifício por trás da promessa.
- Não se preocupe comigo - insisti. - Vai ser ótimo. Eu te amo, mãe.
Ela me abraçou com força por um minuto e depois entrei no avião, e ela
se foi
De Ottawa a Toronto são quatro horas de voo, outra hora em um pequeno
avião até Kitchener, depois uma hora de carro até Stratford . Voar não me
incomoda; a hora no carro de Carlos, porém, era meio preocupante.
Carlos foi realmente gentil com tudo aquilo. Parecia realmente satisfei-
to que eu, pela primeira vez, fosse morar com ele por um período mais longo.
Já me matriculara na escola e ia me ajudar a comprar um carro.
Mas sem dúvida seria estranho com Carlos. Não éramos o que se cha-
maria se falantes, e eu não sabia se havia alguma coisa para dizer. Sabia que
ele estava bastante confuso com minha decisão - como minha mãe antes de
mim, eu não escondia o fato de detestar Stratford.
Quando pousamos em KItchener, estava chovendo. Não vi isso como
um presságio - era apenas inevitável. Eu já tinha dado adeus ao sol.
Carlos me aguardava na radiopatrulha. Eu também esperava por isso.
Carlos é o chefe de polícia Boner para o bom povo de Stratford. Minha principal
motivação por trás da compra de um carro, apesar da verba escassa, era que
me recusava a circular pela cidade em um carro com luzes vermelhas e azuis
no teto. Nada deixa o trânsito mais lento do que um policial
Carlos me deu um abraço desajeitado com um só braço quando eu cam-
baleei para fora do avião.
- É bom ver você, Carol - disse ele, sorrindo enquanto automatica-
mente me segurava e me firmava - Você não mudou muito. Como está
a Danielle?
- A mamãe está bem. É bom ver você também, pai. - Eu não tinha
permissão para chama-lo de Carlos na frente dele.
Eu tinha só algumas malas. A maior parte das minhas roupas de Ottawa
era leve demais para washington. Minha mãe e eu havíamos juntado nossos
recursos para completar me grande guarda-roupa de inverno, mais ainda assim
era reduzido. Coube tudo muito bem na mala da viatura.
- Achei um bom carro para você, baratinho - anunciou ele quando
estávamos afivelando o cinto.
- Que tipo de carro? - Fiquei desconfiada do modo como ele disse "um
bom carro para você" em vez de simplismente "um bom carro".
- Bom, na verdade é uma picape, um Chevy.
- Onde o achou?
- Lembra do Billy Black, De Hamilton? - Hamilton é a pequena reserva
indígena no litoral.
- Não.
- Ele costumava pescar com a gente no verão - Incentivou Carlos.
Isso explicava por que eu não me lembrava dele. Eu era bastante compe-
tente em bloquear da minha memória coisas dolorosas e desnecessárias.
- Ele agora está numa cadeira de rodas - continuou Carlos quando eu não
respondi -, não pode mais dirigir, e ofereceu a picape por um preço baixo.
- De que ano? - Eu podia ver, pela mudança em sua expressão, que
esta era a pergunta que ele esperava que eu não fizesse.
- Bom, o Billy trabalhou muito no motor... Na realidade só tem al-
guns anos.
Eu esperava que ele não me subestimasse a ponto de acreditar que eu
desistiria com tanta facilidade.
- Quando foi que ele comprou?
- Comprou em 1984, eu acho.
- Ele a comprou nova?
- Bom, não, Acho que era nova no início dos anos 60... Ou final dos anos
50, no máximo - admitiu ele timidamente.
- Ih... Pai, eu não entendo nada de carros. Não conseguiria consertar se
alguma coisa desse errado, e não posso pagar um mecânico...
- Na verdade, Carol, o troço funciona muito bem. Não fazem mais carros
assim.
O troço, pensei comigo mesma... Era possível - como apelido, na melhor
das hipóteses.
- É barata barata mesmo? - Afinal, essa era a parte em que eu não po-
deria contemporizar.
- Bom, querida, já está quase comprado para você. Como um presente de
boas-vindas. - Carlos me olhou de lado com uma expressão esperançosa.
-------------------------------------------------------------------
continuaaaaaaaaaaa, comentes pf!
posto o próximo capítulo sexta
recursos para completar me grande guarda-roupa de inverno, mais ainda assim
era reduzido. Coube tudo muito bem na mala da viatura.
- Achei um bom carro para você, baratinho - anunciou ele quando
estávamos afivelando o cinto.
- Que tipo de carro? - Fiquei desconfiada do modo como ele disse "um
bom carro para você" em vez de simplismente "um bom carro".
- Bom, na verdade é uma picape, um Chevy.
- Onde o achou?
- Lembra do Billy Black, De Hamilton? - Hamilton é a pequena reserva
indígena no litoral.
- Não.
- Ele costumava pescar com a gente no verão - Incentivou Carlos.
Isso explicava por que eu não me lembrava dele. Eu era bastante compe-
tente em bloquear da minha memória coisas dolorosas e desnecessárias.
- Ele agora está numa cadeira de rodas - continuou Carlos quando eu não
respondi -, não pode mais dirigir, e ofereceu a picape por um preço baixo.
- De que ano? - Eu podia ver, pela mudança em sua expressão, que
esta era a pergunta que ele esperava que eu não fizesse.
- Bom, o Billy trabalhou muito no motor... Na realidade só tem al-
guns anos.
Eu esperava que ele não me subestimasse a ponto de acreditar que eu
desistiria com tanta facilidade.
- Quando foi que ele comprou?
- Comprou em 1984, eu acho.
- Ele a comprou nova?
- Bom, não, Acho que era nova no início dos anos 60... Ou final dos anos
50, no máximo - admitiu ele timidamente.
- Ih... Pai, eu não entendo nada de carros. Não conseguiria consertar se
alguma coisa desse errado, e não posso pagar um mecânico...
- Na verdade, Carol, o troço funciona muito bem. Não fazem mais carros
assim.
O troço, pensei comigo mesma... Era possível - como apelido, na melhor
das hipóteses.
- É barata barata mesmo? - Afinal, essa era a parte em que eu não po-
deria contemporizar.
- Bom, querida, já está quase comprado para você. Como um presente de
boas-vindas. - Carlos me olhou de lado com uma expressão esperançosa.
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continuaaaaaaaaaaa, comentes pf!
posto o próximo capítulo sexta
sexta-feira, 5 de outubro de 2012
safe and sound - capitulo 1 - 1ª temporada
Minha mãe me levou ao aeroporto com as janelas do carro
abertas. Fazia 24 graus em Ottawa, o céu de um azul perfeito e sem nu-
vens. Eu estava com minha blusa preferida - sem mangas, de renda bran-
ca com ilhoses; eu a vesti como um gesto de despedida. Minha bagagem
de mão era uma parca.
No Candado de Perth, no sul da província de Ontário, há uma ci-
dade chamada Stratford, quase constantemente debaixo de uma cobertura
de nuvens. Chove mais nessa cidade insignificante do que em qualquer outro
lugar do Canadá, Foi desse lugar e de suas sombras melancólicas e
onipresentes que minha mãe fugiu comigo quando eu tinha apenas alguns
meses de idade. Nessa cidade eu fui obrigada a passar um mês a cada verão
até ter 14 anos. Foi então que finalmente bati o pé. Nos últimos três verões,
meu pai, Carlos, passou duas semanas de férias comigo na Califórnia.
Era em Stratford que agora eu exilava - uma atitude que assumi com
muito pavor. Eu detestava Stratford.
Eu adorava Ottawa. adorava o sol e o calor intenso. Adorava a cidade
vigorosa e esparramada.
- Carol - disse minha mãe, pela centésima vez, antes de eu entrar no
avião - , você não precisa fazer isso.
Minha mãe é parecida comigo, a não ser pelo cabelo curto e as rugas
de expressão. Senti um espasmo do pânico ao fitar seus olhos arregalados e
infantis. Como eu podia deixar que minha mãe amorosa, instável e descui-
dada se virasse sozinha? é claro que ela agora tinha o Pitter, então as contas
provavelmente seriam pagas, haveria comida na geladeira, gasolina no carro
e alguém para chamar quando ela perdesse, ma mesmo assim...
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Aí esta o primeiro capitulo, comentem!!!!!!!!!!!
eu vou começara postar todas as sextas e alguns sábados
bjsssss
terça-feira, 25 de setembro de 2012
SAFE AND SOUND - 1ª temporada - Prólogo
meses tivesse motivos suficientes para isso -, mas, mesmo que tivesse pen-
sado, não teria imaginado que seria assim.
Olhei fixamente, sem respirar, através do grande salão, dentro dos olhos
escuros do caçador, e ele retribuiu satisfeito o meu olhar.
Sem dúvida era uma boa forma de morrer, no lugar de outra pessoa, de
alguém que eu amava. Nobre, até. Isso devia contar para alguma coisa.
Eu sabia que, se nunca tivesse ido a Stratford, agora não estaria diante da mor-
te. Mas, embora estivesse apavorada, não conseguia me arrepender da decisão.
Quando a vida lhe oferece um sonho muito além de todas as suas expectativas,
é irracional se lamentar quando isso chega ao fim.
O caçador sorriu de um jeito simpático enquanto avançava para me matar.
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oie meninas, esse é só o comecinho, comentem e eu posto o 1° cap hoje mesmo bjustin
segunda-feira, 24 de setembro de 2012
Nova IB !!
Oie, eu vou começar uma IB,eu sou nova nisso, então, se vcs não gostarem me avisem.
vou postar o primeiro capitulo amanhã :D bjustin
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